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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Travessias Imaginárias - Prêmio Aquisição, Arte Pará. 2008

A vídeo instalação Travessias Imaginárias
          O projeto gráfico.
                             
É no ranger cru do embalar das redes que adormecem tantos homens, sepultando suas vidas e seu cansaço, enquanto retornam para casa que dialogam as lembranças sonoras e sensoriais das redes amontoadas, fechadas como casulos, invadindo o espaço do outro, que em seu lento movimento, se impõem ao ruído do motor dos barcos, cortando as ondas, que impotente permite-se ser invadida, evocando a fala do rio, e criando travessias imaginárias, que dialogam com as mudanças de um estado emocional, partindo de um extremo ao outro. “Travessias Imaginárias” têm como objetivo, estreitar ainda mais a tênue relação da natureza com o homem, uma vez que, muitos de nós ainda temos a impressão de estar em território desconhecido, em regiões que abriga lugares em que nunca estivemos e algumas vezes sequer ouvimos falar. Por isso, Travessias Imaginárias propõe trazer com a montagem da exposição, uma travessia derradeira, única e subjetiva, uma vez que esse outro “lugar”, só existirá na mente de cada um dos visitantes, a partir de uma experiência primordialmente sonora, que perpassa o campo das sensações de deriva residida nas lembranças de travessias, evocando sensações de prazer ou desconforto que varia, partindo de uma experiência anterior que o mesmo possa ter tido com as águas.
Exercendo em sua intimidade, uma natural estranheza, visto que o rio que banha o homem hoje, não será mais o mesmo de amanhã, pois estas águas estão sempre indo e vindo para algum lugar, como os passageiros dos barcos que vivem em constante travessia e tem em comum com as águas a constante renovação de seus caminhos. Para a concepção da Instalação, foi necessária a ocupação de um espaço, onde foram colocadas sete redes, em disposição irregular, em uma cena que busca, sobretudo, estabelecer uma relação com as travessias em barcos superlotados. As redes terão estampas em cores diversas, revelam uma identidade amazônica e antecipa uma visualidade que nos pertence. Embora a obra traga elementos que se assemelham a obra “Cosmococa”, de Hélio Oiticica, não há relação conceitual direta, ao contrário, se distancia, na medida em que não há imersão em imagens, mas em sons e sensações de deriva, presentes no cotidiano dos barcos Amazônicos.

Em uma das paredes do local, foi projetado o vídeo, apenas com palavras-chaves, que estabelecem relações com a travessia, buscando propor ao visitante, a partir dessas palavras-chaves, do som do rio e do ranger das redes sendo embalada, uma evocação de lembranças e imagens mentais de rios subjetivos, a partir do deslocamento mental proposto na obra.


Travessias Imaginárias, Prêmio Aquisição. Arte Pará 2008. Museu Histórico do Estado do Pará.

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