Desde muito cedo se criam esconderijos íntimos, lugares secretos. Na primeira infância nos escondemos nos pequenos cantos da casa, moldando o corpo a forma dos móveis, na fase adulta a aparência dá lugar à nova morada, projetando para fora de si um discurso cheio de resignações, que aproxima e liberta ou se fecha e o distancia do outro, protegendo-se dentro de sua própria morada.
Cria-se um quarto escuro, uma gaiola de
lembranças, deixando apenas indícios de tudo aquilo que um dia fomos. Bachelard
fala de um quarto imaginário criado em torno de nós, uma proteção que nos
assegura e nos separa do mundo que existe em nosso entorno.
Revisitados, lida com aspectos da
memória e suas relações com o espaço cotidiano e propõe uma imersão num recorte
da memória da infância, um retorno a uma percepção infantil, de um tempo e um
lugar relativamente seguro. Visto por uma pequena fresta que permite olhar para
dentro dessas lembranças, revisitando-as de tempos em tempos.
Cotidianamente, um vazio resignificado,
que denota uma parte importante de nossas vidas, a casa infante que é todo
nosso universo cabendo num 3x3 de um quarto, um corredor ou uma parede.
- Do livro A poética do Espaço. Gaston Bachelard. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
2 comentários:
Otimo Carla colocares os videos aki. Gostei da entrevista também. Te kero numa programação, mas te escrevo via email....besos, Orlando
Obrigada Orlando! Aguardo teu e-mail.
Outro beijo.
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